Santa Missa-explicação em partes
Santa Missa-explicação em partes

Introdução

            O Missal Romano chama a celebração da Eucaristia de ‘pausa restauradora na caminhada rumo ao céu’.

            A pausa é uma alternância de atividade. Quando a atividade representa desgaste, a pausa serve como restauração e funciona como descanso.

            Restaurar, portanto, é recuperar a beleza original, que para o cristão significa a beleza batismal.

 

  1. 1.    O Tempo de Restaurar a vida cristã

 

- No Antigo Testamento, o dia do repouso é o sábado, em que se comemora o criador da vida, cessando todo o trabalho. Porém, no Novo Testamento, é o domingo, dia da restauração da criação pela vitória de Cristo, cujo mistério pascal é celebrado, de forma plena, na Eucaristia.

- Entre os textos do Novo Testamento que apontam o primeiro dia da semana para a celebração da Eucaristia, apoiamo-nos no relato de Emaús (Lc. 24, 13 ss). Naqueles momentos desgastantes e dolorosos que sucedem à morte de Jesus na cruz, foi a Eucaristia, como Boa-Nova pascal e encontro com Jesus ressuscitado, através da Palavra celebrada e do sacramento de seu corpo e sangue, que iluminou o horizonte sombrio dos discípulos e restaurou-lhes as forças para retomarem o caminho da fé.

- Não sabemos exatamente quando a missa começou a ser celebrada também nos dias de semana. Porém, há uma razão de fé que sustenta essa atitude. Desde Emaús até hoje, os cristãos alimentam o desejo de entrar naquele domingo que não tem fim.

- Podemos dizer que, assim como os sete dias da semana simbolizam a antiga criação, agora os sete sacramentos da fé são o símbolo da nova realidade pascal em Jesus Cristo, no tempo da Igreja.

- A Eucaristia é a hora mais importante da nossa vida, porque engloba todas aquelas horas trabalhadas nessa alternância de cunho restaurador.

- Celebrar é tão importante quanto trabalhar. Na verdade, são ações complementares de louvor a Deus. O trabalho também pode escravizar, a celebração jamais.

 

  1. 2.    Palavra, vinho e pão: símbolos da restauração da vida.

- Entre os componentes essenciais da restauração da vida, ressaltam-se as energias que ingerimos em forma de alimento e a alegria.

- São as energias que nos mantêm e restauram corporalmente. Assim, alimentar-se é um hábito operativo básico, pois comer e beber são atividades que nos restauram diariamente. Por isso surgiu o “restaurante” (restaurant), nome de uma casa de alimentação, aberta em Paris em 1767.

- A alegria é um fator de saúde, pois um coração alegre traduz um corpo contente e sadio (Pr 17, 22). Sendo assim, a alegria é um componente essencial de todos os projetos de longo alcance. Dentre esses, ressalta-se o projeto da salvação em Cristo, Nele, a alegria goza de um destaque central: “Eu vos anuncio uma grande Alegria...Nasceu-vos hoje um salvador, que é Cristo Senhor” (Lc 2,10).

- Cristo não é só o objeto supremo de toda a alegria, mas, sobretudo, é a causa e a origem da nossa alegria. Só assim se pode entender porque “o cristianismo se expandiu na antiguidade como uma verdadeira explosão de alegria”.

- É dessa alegria que a missa é a celebração por excelência e um testemunho palpável. Para expressar a restauração em Cristo como sustento espiritual e alegria pascal, a Eucaristia tem três elementos centrais: Palavra, vinho e pão.

A Palavra: alegria do coração.

- Não existe pessoa sem palavra, nem palavra sem pessoa.

- Assim, é mais fácil entender porque a Palavra de Deus se encarnou e habitou entre nós, pois não podia haver palavra sem pessoa. Seu nome é Jesus.

O vinho: alegria do coração

- Na Bíblia, as funções do vinho são múltiplas. O de melhor qualidade rega abundantemente as festas (Cf. I Sm 25, 36). Também serve de remédio para as feridas do corpo (Cf. Lc 10, 34) ou os males do estômago (Cf. I Tm 5, 23). É sinal de consolo no luto (Cf. Jr 16, 7). Em geral, o vinho é louvado porque é a alegria do coração (Cf. Sl 104, 6), é a vida (Cf. Ex 10, 19) e eleva o Espírito dos deprimidos (Cf. Pr 31, 6). “O vinho simboliza tudo o que a vida pode oferecer de agradável”. A Palavra e o vinho, no coração da missa, representam a alegria pascal, que é fundamento da alegria cristã.

O pão: sustento corporal

- O corpo torna-se símbolo da pessoa. É o ser humano na sua corporeidade, cuja restauração é simbolicamente representada pelo pão.

Concluindo

- Sustento e alegria são os efeitos completos da restauração eucarística na vida cristã.

- A Eucaristia estabelece-se em nossa vida como a alimentação natural, que no seu tempo oportuno não pode faltar.

 

  1. 3.    Os ritos iniciais

- A missa é um tempo pequeno no somatório global da existência, mas é tão significativo que se enquadra entre as ações que escoram o edifício da vida.

- Para abrir a celebração, temos cinco ritos iniciais: a entrada dos ministros com o canto do povo, a saudação ao altar e ao povo reunido, o rito penitencial, o hino do glória e a oração do dia, ou coleta.

A procissão e o canto de entrada

- A procissão e o canto de entrada colocam a Igreja no caminho Eucarístico e rememoram a caminhada a Terra prometida.

- O canto do povo durante a entrada dos ministros demonstra, simbolicamente, sua participação na mesma caminhada, que, por sua vez, é símbolo da caminhada de toda a Igreja.

- Com seu ritmo próprio de marcha alegre, ajuda o povo de Deus a expressar sua índole pascal.

- Se houver um comentário inicial, o convite seja para o povo acompanhar ou participar da procissão através do cântico, em vez de receber os ministros.

A saudação ao altar e ao povo reunido: restaurar a comunhão

- Com o beijo no altar, os ministros expressam sua comunhão com Deus e, ao mesmo tempo, adoram a Cristo, pelo altar, como centro principal do cenário em que se desenvolve o rito da missa.

- O incenso deve ser oferecido exclusivamente a Deus. Essa noção certamente foi aplicada ao Menino Jesus, quando o incenso foi um dos presentes oferecidos na Epifania (Cf. Mt 2,11).

- Incensar o altar da Eucaristia é um gesto litúrgico em reconhecimento de Jesus Cristo, Morto e Ressuscitado, como centro da nossa Fé e do nosso culto.

- Pelas palavras, o sinal-da-cruz indica que a oração litúrgica é trinitária (“Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”), e pelo gesto, Cristológica (sinal da cruz).

- A missa é toda ajustada na memória de Jesus, mas o Rito é trinitário, que habita em nós como num templo.

- Simbolizando a comunhão de toda a Assembléia, o presidente abre os braços para o povo enquanto o saúda. Os braços abertos em um singelo gesto de inclusão representam o abraço do Pai que acolhe o filho de volta para casa (cf. Lc. 15, 20), os braços estendidos de Cristo na cruz (cf. prefácio da Oração Eucarística II) derrubando os muros de separação entre os povos (cf. Ef. 2, 14) e o coração materno da Igreja, iluminada pelo Espírito Santo, acolhendo os seus filhos dispersos por toda a parte para celebrarem a Páscoa do Senhor (Cf. Saudação de acolhida na Vigília Pascal).

- Podemos dizer que o primeiro gesto presidencial da missa é um grande apelo à comunhão. Esse gesto vai se desenvolvendo durante a missa até o seu ponto mais alto, que é a comunhão sacramental.

O Rito Penitencial: restaurar a dignidade

- O rito penitencial da missa compõem-se de um ato penitencial, uma absolvição sacerdotal não-sacramental e três invocações a Cristo Ressuscitado.

- O que é mais usual no ato penitencial é uma confissão genérica de pecados, uma antiga apologia ritual chamada Confiteor (Eu confesso).

- Apologia é uma palavra de origem grega que significa defesa, justificação. Na liturgia, funciona como uma fórmula de acusação geral ou pessoal de pecados. Seu uso veio do oriente, entre os séculos VI e VII, conservando-se, até hoje, no confiteor, e explica-se pelo fato de o ser humano, com a acusação humilde dos seus pecados e o consequente arrependimento, fazer sua defesa diante da justiça divina.

- A absolvição sacerdotal (“que Deus todo-poderoso...”) não é sacramental, pois não inclui pecados graves, o que o rito penitencial da missa não resolve nem absolve. Nessa situação, é necessária uma reconciliação sacramental (cf. Mt. 5, 23-24).

- As invocações a Cristo Ressuscitado: Kyrie Eleison e Christe Eleison (“Senhor, tende piedade de nós; Cristo, tende piedade de nós”), geralmente concluem o rito penitencial, em evocação à misericórdia de Cristo.

- É bom lembrar que o termo misericórdia, como tradução da palavra hesed no Antigo Testamento, não abarca a extensão dos seus significados. Hesed tem conotação de amor obstinado de Deus pela Salvação do seu povo de acordo co a justiça da Aliança.

- Então, com essas invocações nós nos referimos à vontade amorosa e obstinada de Cristo de salvar-nos. Talvez seja por isso que o Kyrie Eleison sempre foi muito apreciado na Ladainhas populares e Litúrgicas, antes mesmo de fazer parte da missa.

- O rito penitencial nunca deve parecer uma confissão sacramental, mas um reconhecimento genérico das nossas infidelidades para com a Aliança em Cristo, que se traduz em Amor a Deus, Amor fraterno, Amor ecológico.

O Hino do Glória: restaurar a alegria de louvar

- É um hino litúrgico de cunho natalino-pascal, porque se enquadra no tema da encarnação e da glorificação do Filho Ressuscitado à direita de Deus Pai, bem como da sua atuação no mundo por obra do Espírito Santo.

- O Glória divide-se em três partes: o canto dos anjos na noite do natal, o louvor a Deus Pai e a invocação a Cristo.

- Um hino que brota no coração de uma Igreja convicta da Ressurreição.

- É sempre preferível cantar o Glória no seu texto próprio, assegurando, assim, o seu contexto Litúrgico, não podemos nos esquecer de que a palavra tem prioridade Litúrgica por causa da revelação do verbo. A arte musical, por mais harmônica, não será eficaz se não estiver apoiada na palavra. A música é a arte de cantar a palavra e não de criar palavras para preencher as melodias. Muitas vezes, é essa a impressão que se tem quando se analisam algumas composições alternativas do hino do Glória, onde a palavra fica em segundo plano.

A coleta ou oração do dia: restauração a alegria de caminhar

- Por fim, temos a coleta, ou oração do dia, que é a via de passagem para a Liturgia da Palavra.

- A Collecta passou a ser o nome da primeira oração presidencial da missa. Então, já não era mais a simples reunião da comunidade, nem a oração antes de iniciarmos a procissão, mas uma oração com um duplo carácter: presidencial e comunitário. Presidencial, porque é o sacerdote presidente que eleva a voz em nome de toda a assembleia litúrgica; comunitária, porque, além de cada fiel estar representado pela voz do sacerdote, é também convocada, através do convite “oremos...”, a apresentar, em silêncio, suas intenções para serem incorporadas à oração da Igreja. Dessa forma, a coleta também representa um resumo de todas as preces feitas no coração dos fiéis.

- Por fim, é preciso insistir no aspecto presidencial da coleta, pois torna-a mais solene e garante sua beleza. O espaço de silêncio entre o “Oremos...” e o início da oração deve ser suficiente para que as pessoas façam suas preces individuais.

- A título de conclusão deste capítulo, se quiséssemos reunir o sentido dos ritos de abertura da missa em uma frase, poderíamos recorrer ao anseio de Cristo: “Desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco” (Lc. 22, 15).

 

  1. 4.    A Liturgia da Palavra: um caminho sacramental

Enquanto conversavam e discutiam entre si, o próprio Jesus aproximou-se e pôs-se a caminhar com eles (Lc. 24, 15).

- A Palavra de Deus, que culmina com o evangelho, é definida como uma Boa-notícia. É como uma luz que nunca se apaga.

- É bom lembrar o que foi dito no segundo capítulo a respeito da Palavra de Deus como alegria do coração. No caminho de Emaús, o que os discípulos mais precisavam era justamente dessa alegria que é fruto de um ajustamento dos significados mais profundos da vida.

- A liturgia da Palavra compreende quatro momentos principais: a proclamação dos textos bíblicos e o canto do salmo, a homilia, a profissão de Fé e, por fim, a oração dos fiéis. Esse conjunto de ações rituais, no paradigma eucarístico de Emaús, forma um caminho sacramental.

- À medida que, tendo a morte tragado a visibilidade natural do verbo encarnado, agora ela é devolvida pela liturgia através dos sinais sensíveis que fazem parte da essência da sua natureza. Assim, a liturgia é uma maneira privilegiada de realizar a promessa de Jesus: “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles” (Mt. 18, 20).

A proclamação da Palavra: Antigo e Novo Testamento, um todo indissociável

- No paradigma de Emaús, a proclamação da Palavra aparece como um diálogo de Jesus com os dois discípulos durante uma caminhada em que eles estavam dasenimados, inseguros e perplexos por causa do impacto da cruz. Quando o horizonte está tão sombrio assim, o cansaço e o estresse tomam conta, por causa do abismo das especulações. Então, era de uma perspectiva nova que eles precisavam: a perspectiva nova que eles precisavam: a perspectiva do verbo ressuscitado.

Caminho ou mesa?

- Temos duas imagens para a sacramentalidade da proclamação da Palavra: a imagem da mesa, conforme os documentos do Concílio Vaticano II e o Missal Romano, e a do caminho, conforme Emaús. São duas metáforas que realçam a função da missa de ensinar e alimentar os fiéis (SC, n. 51). Nesse sentido, é natural a expressão “mesa da Palavra”, pois alimentação fora da mesa significa algum tipo de evasão ou exploração.

- Não tão antigo quanto as ‘Cátedras’, o ambão surge no final do século IV nas igrejas gregas e espalha-se no Mediterrâneo e norte dos Alpes. Nasceu expressamente como local para serem proclamados os textos bíblicos e ser cantado o salmo responsorial. Como ficava num lugar privilegiado do ponto de vista acústico e visual, começou a ser usado para a homilia, a oração universal e a proclamação da Páscoa na vigília pascal. Pelo mesmo motivo, o ambão às vezes acaba sendo usado hoje para avisos e outras atividades banais.

- Na idade Média, o ambão desaparece e as leituras são feitas a partir do altar. Os púlpitos medievais não têm a ver diretamente com o ambão. São apenas para as pregações, que necessariamente não estão ligadas à liturgia.

- A reforma do Concílio Vaticano II, ao revalorizar a Palavra de Deus como elemento-chave da celebração, obrigou a instaurar novamente o ambão no espaço litúrgico. Tem de ser único, estar em lugar elevado, manter uma harmonia com o altar, ser fixo, nobre, artístico e bem iluminado.

- Ele é símbolo do ressuscitado anunciando-se a Madalena e aos discípulos de Emaús. Então, representa o Cristo de pé ou caminhando, proclamando-se vencedor da morte e vivente para sempre.

Um caminho ritual

- A proclamação da Palavra de Deus na liturgia é uma ação ritual. Os verbos que a exprimem são: ‘proferir’, para as leituras, e ‘anunciar’ (IGMR, nn. 59, 94) ou ‘proclamar’ (termo usado pelo lecionário), para o Evangelho. Esses verbos subentendem a força da expressão, isto é, querem dizer muito mais do que uma mera leitura.

- As leituras bíblicas, incluindo o salmo responsorial, vão num crescendo. Isso, porque ‘a leitura do Evangelho constitui o ponto alto da liturgia da Palavra’ (IGMR, n. 60).

Um caminho de salvação

- A celebração litúrgica sustenta-se e apóia-se principalmente na proclamação da Palavra de Deus, enquanto presença viva de Jesus salvando. Na proclamação da Palavra, temos a ação catabática mais expressiva, enquanto a ação de graças eucarística é a expressão anabática mais plena.

- A liturgia da Palavra é a manifestação da beleza de Deus que entra pelos ouvidos e, e como um tênue fio irradiante, atinge o coração, dando-nos o prazer de entregarmos a Cristo todo o nosso ser. A Palavra, alegria do coração.

Um caminho que exige cuidados

- A primeira atitude importante tem a ver com a absoluta necessidade do silêncio sagrado, que é um precioso instrumento litúrgico. O silêncio é pressuposto no espaço sagrado, e retomado em momentos específicos durante a celebração, como diz a IGMR:

‘Convém que já antes da própria celebração se conserve o silêncio na Igreja, na sacristia, na secretaria, mesmo nos lugares mais próximos, para que todos se disponham devota e devidamente para realizarem os sagrados mistérios. A sua natureza depende do momento em que ocorre em cada celebração. Assim, no ato penitencial e após o convite à oração, cada fiel se recolhe; após uma leitura ou homilia, meditam brevemente o que ouviram; após a comunhão, enfim, louvam e rezam a Deus no íntimo do coração’ (n. 45).

- A segunda atitude tem a ver com leitores bem preparados, pois eles são elementos fundamentais do ministério da proclamação da Palavra.

- A terceira atitude refere-se ao aprimoramento dos meios técnicos a serviço da escuta.

A Homilia: restaurar a fidelidade à aliança

- É a Palavra de Deus traduzida e contextualizada. Daí decorre seu caráter ritual, sua fundamentação nos textos bíblicos proclamados e nas orações principais. A homilia deve expor duas coisas: o mistério da fé e as normas da vida cristã.

A profissão de fé: restaurar a fé batismal

- Aos domingos e nos outros dias festivos liturgicamente classificados como solenidade, professa-se o credo, que é um resumo dos principais artigos da nossa fé. O credo expressa nossa adesão total a Cristo, de tal forma que a nossa vida seja centrada nele, isto é, uma vida em Cristo.

A oração universal

- A oração dos fiéis estabelece a passagem entre a liturgia da Palavra e o sacrifício eucarístico e constitui-se como um fruto maduro da Palavra celebrada. Normalmente são estas as intenções: pelas necessidades da Igreja; pelos poderes públicos e pela salvação de todo o mundo; pelos que sofrem qualquer dificuldade; pela comunidade local (IGMR, n. 70).

  

  1. 5.    A Liturgia Eucarística

Entrou, então, para ficar com Eles (Lc. 24, 29)

Restaurar a Comunhão no amor

- Embora as concepções de espaços litúrgicos não o favoreçam, teologicamente toda a Assembléia se posiciona em torna do altar.

- A Liturgia Eucarística compreende três ritos principais: a preparação das oferendas, a prece eucarística e o rito de comunhão.

A preparação das oferendas

- A preparação das oferendas pode ser realizada de forma mais completa com cinco passos rituais: a procissão com as oferendas até o altar, a preparação do altar, a apresentação dos dons, a incensação e a oração sobre as oferendas.

A procissão das oferendas

 - No século IV, já aparece de forma generalizada a procissão solene das oferendas Eucarísticas, juntamente com o canto alegre dos fiéis.

A preparação do altar

- É importante que sobre o corporal apareçam os dons Eucarísticos, e que o restante do altar fique desimpedido para realça-los.

A apresentação das oferendas

- Preparado o altar, o sacerdote apresenta a Deus as oferendas do pão e do vinho para serem consagradas.

- Ao vinho é adicionada uma pequena quantidade de água. O Missal Romano, pela oração do presbítero neste momento, ajuda-nos a intuir que a água simboliza a natureza humana que se funde à natureza divina, representada pelo vinho.

- O mais importante é o que acontece sobre o altar: a terra e o céu unem-se na apresentação da oferenda pascal. Alegria e dor encontram-se na esperança da redenção. Seja numa catedral, seja num pequeno altar duma Igreja de aldeia, a Eucaristia é sempre celebrada, de certo modo, sobre o altar do mundo. Une o céu e a terra.

A incensação

- A incensação que se dá nesse momento é dirigida primeiramente aos dons apresentados, depois ao crucifixo, ao altar, aos ministros e à Assembléia.

- Conforme a Sacrosanctum Concilium, N. 7, Cristo está presente nas ações Litúrgicas, tanto na pessoa do ministro, na Palavra celebrada, na Assembléia orante, como, sobretudo, nas espécies consagradas. De fato, durante a Missa, esses elementos, juntamente com alguns símbolos cristológicos, são incensados.

A Oração sobre as oferendas

- Foi com esse nome que ela chegou até a reforma do Concílio Vaticano II. Jungmann acha que foi a partir do século VIII que a oração sobre as oferendas passou a ser rezada secretamente.

Recomendações práticas

- Quando aparecem muitos elementos na procissão, deixando o pão e o vinho num plano secundário, temos uma descaracterização do eixo cristológico da Liturgia. Há formas de enriquecer a procissão dos dons ressaltando o essencial.

A prece Eucarística

- A prece Eucarística abrange a parte central da missa, que vai desde o prefácio até a glorificação de Deus Pai “por Cristo, com Cristo, em Cristo”.

- Isso era tão claro que, até o século III, as preces Eucarísticas eram feitas sem texto escrito, e aí pode-se supor uma liberdade de composição adstrita à tradição do Senhor. Então, havia uma consciência nítida de um esquema básico. O termo tradição significa, pontualmente, uma entrega na linha de uma transmissão fiel e autorizada: “Eu mesmo recebi do Senhor o que vos transmiti” (I Cor 22, 23).

- A passagem do “Santo” para a Epiclese de consagração é um momento delicado e divinamente belo. É como a transição dos picos mais exultantes de uma orquestra sinfônica para aqueles de uma delicadeza que atingem a finura da alma. É com esse espírito que o presidente diz: “Pai Santo, como és grande e digno de louvor”!

- “Derrama teu Espírito e santifica estas oferendas”! É a epiclese consecratória, que representa um Pentecostes perpetuado pela Igreja. Epiclese é palavra que vem do grego (do verbo epi-kaléo – invocar sobre). Significa uma invocação tipo apelo, quase uma convocação ao Espírito para que se derrame sobre o pão e o vinho e os consagre e transforme substancialmente, a fim de perpetuarem sacramentalmente a presença daquele que é a coragem infusa em Pentecostes.

- Contrariando a ordem da primeira criação de não comer dos frutos da árvore do bem e do mal (cf. Gn 2, 15-16), somos estimulados pela nova e definitiva criação a comer dos frutos pascais da cruz, a árvore da vida. Mistério de fé!

- “Celebrando a memória da Páscoa...” A Igreja faz memória da Páscoa e oferece ao Pai a vítima divina, enquanto implora que o Espírito se derrame sobre os fiéis reunidos, para serem um só corpo através da comunhão. Assim, os dons eucarísticos (pão e vinho) constituem o “corpo sacramental” que nos transforma, pela comunhão, em “corpo eclesial”. Corpo de Cristo, corpo eclesial.

- “Lembrai-vos dos nossos falecidos!” A morte não quebra a inteireza da vida, mas dá-lhe maior vigor, pois a Páscoa de Cristo torna-se a Páscoa do cristão. “Faço-vos, apenas, um pedido: lembrai-vos de mim no altar do Senhor, seja qual for o lugar em estiverdes”, foi o último pedido de santa Mônica ao filho Agostinho.

- “Por Cristo, com Cristo, em Cristo...” Chama-se doxologia, porque a Igreja conclui a prece eucarística, elevando uma grande glorificação ao Pai por meio de Cristo.

As quatro preces para o rito latino e outras

  1. Prece Eucarística I ou Cânon Romano (dias festivos)
  2. Prece Eucarística II
  3. Prece Eucarística III
  4. Prece Eucarística IV
  5. Prece Eucarística V (uma prece Eucarística para o Brasil, 1975 – Congresso Eucarístico Nacional de Manaus)
  6. Três preces Eucarísticas para missa com crianças
  7. Duas preces Eucarísticas da reconciliação
  8. Uma prece Eucarística para diversas necessidades

O rito da comunhão: restaurar o amor e a comunicação

Partiu o pão e distribuiu a eles (Lc 24,30)

            A comunhão do corpo e do sangue de Cristo é o ponto de culminância da celebração eucarística, em termos de participação.

            O rito de comunhão compreende cinco momentos: o pai-nosso, o gesto da paz, a fração do pão, a comunhão e, por fim, a oração após a comunhão.

O pai-nosso: restaurar a filiação batismal

            O pai-nosso é uma das mais antigas e apreciadas orações da Igreja, que desde o início estava associada ao batismo. Parece ter entrado na celebração eucarística na metade do século III, ou a partir do século IV. Foi a atual reforma litúrgica que transformou o pai-nosso numa oração de toda a assembleia eucarística, porque, antes, era cantado ou rezado somente pelo presidente, o qual, agora, lembrando o ensino de Jesus sobre oração (Mt 6, 5-15), convida todos a rezarem com ele.

O rito da paz: restaurar a paz

            O gesto ritual da paz na missa é muito antigo. Já constava no esquema de São Justino de Roma, na metade do século II. Se bem que tanto em Justino como em muitos ritos litúrgicos, seu lugar é na conclusão da liturgia da Palavra, como sinal de reconciliação e consolidação da paz, em referência a Mateus 5, 23-25. As normas atuais pedem que seja mais simbólico e concentrado e menos expansivo exteriormente: “convém que cada um dê a paz somente àqueles que lhes estão mais próximos, de modo sóbrio”.

A fração do pão: restaurar a partilha

            De forma análoga ao lava-pés, o rito da fração do pão na missa é um apelo para repartirmos nossas vidas como fez Jesus.

A comunhão: restaurar o amor

            É o rito culminante da missa e o ápice do encontro ritual com Deus. Tudo o que aconteceu no caminho de Emaús preparou e conduziu para esse momento comunitário por excelência, mas também pessoal na sua essência.

A comunhão como ápice do repouso em Cristo

            Quem seguir com o coração o rito da missa, onde o padrão de beleza garanta a qualidade dos sinais, encontrará Deus face a face, sendo a comunhão a culminância. O resultado é a restauração, por inteiro, da pessoa na fé e da comunidade como Igreja.

A oração após a comunhão

            Antes dos ritos finais, vem a oração pós-comunhão. Consiste em agradecimentos e súplicas para que os frutos da eucaristia sejam abundantes. Entre esses frutos ressaltam-se a caridade, que, para Santo Agostinho, “é a virtude pela qual amamos”.

 

  1. 6.    Os ritos finais

Naquela mesma hora, levantaram-se e foram para Jerusalém (Lc 24, 33)

            Os ritos finais não podem demorar e não podem desviar nem prejudicar a magnitude do encontro de Deus com o seu povo. O beijo no altar e a bênção com o rito de despedida traduzem o sentido da missão para todos. A bênção final coroa a ação litúrgica eucarística em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Finalmente, o povo é alegremente despedido em paz. No coração de todos, ecoa a alegre perspectiva missionária. Entre tudo o que a Igreja pode fazer para manter-se viva e atuante na história, nada é mais importante do que ser fiel ao que Jesus mandou fazer na última ceia.

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